sábado, 28 de abril de 2012


OBESIDADE – UMA DOENÇA CRÓNICA, MULTIFACTORIAL E ALVO DE PRECONCEITO
Por Dietista Rose Sousa

A realidade mundial revela que, paradoxalmente, enquanto pessoas em diferentes faixas etárias sofrem por falta de alimentação, carecendo da disponibilidade de macro e micronutrientes, outras são vítimas do oposto e submetem-se a repetidas dietas desgastantes e caras, na tentativa de solucionar os estragos estéticos e fisiológicos causados pela superalimentação e a obesidade.
A obesidade pode ser reflexo da dificuldade que os homens ainda enfrentam de se alimentar para se sentirem melhor e mais saudáveis. Contudo, em se tratando de uma doença multifactorial, além dos factores nutricionais, os aspectos genéticos, metabólicos, psicossociais, culturais, entre outros, actuam na origem e na manutenção da obesidade. 
O excesso da ingestão calórica relativo ao gasto representa a condição ideal para a deposição de gordura (lípidos) no tecido gorduroso, e não uma causa única do desequilíbrio do balanço energético presente na obesidade.
Por vezes, os termos sobrepeso e obesidade são utilizados como sinónimos.
Para esclarecer estes dois termos e evitar confusões, define-se obesidade como uma enfermidade crónica, que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura a um nível tal que a saúde do indivíduo esteja comprometida. Enquanto o termo sobrepeso, significa um aumento exclusivo de peso o termo obesidade representa o aumento da adiposidade corporal.
Além do excesso de gordura corporal, deve-se considerar ainda sua distribuição regional, uma vez que o excesso de gordura localizada na região abdominal é um factor de risco maior de doença que o excesso de gordura corporal em si.
Factores genéticos, endócrinos, neurológicos, psicológicos, ambientais, efeitos secundários da medicação, idade e gravidez podem desempenhar, em diferentes indivíduos, papéis importantes no estudo das causas e do desenvolvimento da obesidade.

  
Complicações metabólicas                                                Complicação anatómicas

  • Diabetes tipo 2                                                     Apneia obstrutiva do sono
  •  Colesterol elevado                                              Refluxo gastrintestinal
  • Triglicéridos elevados                                         Asma associada ao refluxo
  • Hipertensão                                                         Hérnias
  • Cálculos biliares                                                  Edema
  • Esteatose                                                              Insuficiência venosa
  • Gota                                                                     Coágulos nas pernas e pulmões
  • Apneia do sono                                                    Incontinência urinária
                                                                                        Infecções fúngicas da pele
                                                                                        Infecções bacterianas da pele
                                                                                       (celulite)
                                                                                        Doença vascular periférica
                                                                                        Úlceras da pele
      Complicações degenerativas
  • Artrite
  • Síncopes ou angina
  • Acidentes vascular cerebral (AVC)
  • Doença vascular periférica
  • Complicações da diabetes: lesões ao nível do nervo, doenças oculares, doenças renais, doenças vasculares.

Complicações psicológicas
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Bulimia

Cancros (complicações neoplásicas)
·        Do endométrio
·        Da mama
·        Dos ovários
·        Da  próstata
·        Do cólon
·        Adenocarcinoma esofágico

Por que ganhamos peso?

  • Factores ambientais

Os factores genéticos são as forças interiores que nos ajudam a ganhar peso e a conservá-lo, mas os factores ambientais são as forças exteriores que contribuem para esses problemas.
Englobam tudo o que, no nosso meio ambiente, nos levam a comer em demasia ou a fazer pouco actividade física. Os especialistas apontam os factores ambientais como os principais responsáveis pelo aumento da obesidade nos últimos anos.

  • Comer à pressa

O simples acto de comer muitas vezes com irregularidade e à pressa pode contribuir para a obesidade. Estudos neurológicos indicam que o relógio biológico do cérebro pode também ajudar a regular os sinais de fome e saciedade. Idealmente, estes sinais deviam manter constante o nosso peso. Deviam incitar-nos a comer quando a nossa gordura corporal cai abaixo de um certo nível ou quando precisamos de mais gorduras (durante a gravidez, por exemplo) e deviam dizer-nos quando nos sentimos satisfeitos.
As relações entre o relógio do cérebro e o centro de controlo do apetite no hipotálamo sugerem que a fome e a saciedade são afectadas por índices temporais.
Padrões irregulares de alimentação podem perturbar a eficácia destes índices de forma a promover a obesidade. Os factores ambientais que estimulam o excesso de alimentação podem “conspirar” com os factores genéticos para aumentar o ganho de peso. Pessoas com uma predisposição genética para o excesso de peso enfrentam agora uma oportunidade cada vez maior de desenvolver obesidade.

  • Factores psicológicos
Para quem se enche de bolos ou batatas fritas quando se sente ansioso ou triste, não é de surpreender que a dieta e o apetite estejam intimamente ligados ao bem-estar psicológico.
É comum se ouvir, que certas pessoas comem mais quando estão afectadas pela depressão ou por outras perturbações emocionais. Como o excesso de peso e a obesidade provocam com frequência estas perturbações psicológicas, cria-se um ciclo vicioso.
Os factores emocionais raramente são o único motivo para uma pessoa ter excesso de peso. Contudo, para quem tem uma predisposição genética para o obesidade e está exposto a factores ambientais que promovem a obesidade, os factores emocionais e psicológicos podem agravar a situação. Se repetidamente tentar perder peso e não o conseguir, ou se logra perder peso para logo depois o recuperar, a luta pode provocar frustração. Esta frustração agrava a ansiedade e a depressão.
Para agravar esta problemática da obesidade está o preconceito que as pessoas gordas enfrentam. Estudos mostram que as probabilidades de emprego são menores para os gordos do que para os magros e que, uma vez contratados, os gordos têm mais probabilidades de serem discriminados. Socialmente, os gordos são também evitados e muitos até têm dificuldade em criar amizades. 

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