OBESIDADE – UMA
DOENÇA CRÓNICA, MULTIFACTORIAL E ALVO DE PRECONCEITO
Por Dietista Rose
Sousa
A
realidade mundial revela que, paradoxalmente, enquanto pessoas em diferentes
faixas etárias sofrem por falta de alimentação, carecendo da disponibilidade de
macro e micronutrientes, outras são vítimas do oposto e submetem-se a repetidas
dietas desgastantes e caras, na tentativa de solucionar os estragos estéticos e
fisiológicos causados pela superalimentação e a obesidade.
A
obesidade pode ser reflexo da dificuldade que os homens ainda enfrentam de se
alimentar para se sentirem melhor e mais saudáveis. Contudo, em se tratando de
uma doença multifactorial, além dos factores nutricionais, os aspectos
genéticos, metabólicos, psicossociais, culturais, entre outros, actuam na
origem e na manutenção da obesidade.
O
excesso da ingestão calórica relativo ao gasto representa a condição ideal para
a deposição de gordura (lípidos) no tecido gorduroso, e não uma causa única do
desequilíbrio do balanço energético presente na obesidade.
Por
vezes, os termos sobrepeso e obesidade são utilizados como sinónimos.
Para
esclarecer estes dois termos e evitar confusões, define-se obesidade como uma
enfermidade crónica, que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura a um
nível tal que a saúde do indivíduo esteja comprometida. Enquanto o termo
sobrepeso, significa um aumento exclusivo de peso o termo obesidade representa
o aumento da adiposidade corporal.
Além
do excesso de gordura corporal, deve-se considerar ainda sua distribuição
regional, uma vez que o excesso de gordura localizada na região abdominal é um
factor de risco maior de doença que o excesso de gordura corporal em si.
Factores
genéticos, endócrinos, neurológicos, psicológicos, ambientais, efeitos
secundários da medicação, idade e gravidez podem desempenhar, em diferentes
indivíduos, papéis importantes no estudo das causas e do desenvolvimento da
obesidade.
Complicações
metabólicas
Complicação anatómicas
- Diabetes tipo 2 Apneia obstrutiva do sono
- Colesterol elevado Refluxo gastrintestinal
- Triglicéridos elevados Asma associada ao refluxo
- Hipertensão Hérnias
- Cálculos biliares Edema
- Esteatose Insuficiência venosa
- Gota Coágulos nas pernas e pulmões
- Apneia do sono Incontinência urinária
Infecções fúngicas da
pele
Infecções bacterianas da pele
(celulite)
Doença
vascular periférica
Úlceras da pele
Complicações degenerativas
- Artrite
- Síncopes ou angina
- Acidentes vascular cerebral (AVC)
- Doença vascular periférica
- Complicações da diabetes: lesões ao nível do nervo, doenças oculares, doenças renais, doenças vasculares.
Complicações
psicológicas
- Depressão
- Ansiedade
- Bulimia
Cancros
(complicações neoplásicas)
·
Do endométrio
·
Da mama
·
Dos ovários
·
Da
próstata
·
Do cólon
·
Adenocarcinoma esofágico
Por
que ganhamos peso?
- Factores ambientais
Os
factores genéticos são as forças interiores que nos ajudam a ganhar peso
e a conservá-lo, mas os factores ambientais são as forças exteriores que
contribuem para esses problemas.
Englobam
tudo o que, no nosso meio ambiente, nos levam a comer em demasia ou a fazer
pouco actividade física. Os especialistas apontam os factores ambientais como
os principais responsáveis pelo aumento da obesidade nos últimos anos.
- Comer à pressa
O
simples acto de comer muitas vezes com irregularidade e à pressa pode
contribuir para a obesidade. Estudos neurológicos indicam que o relógio
biológico do cérebro pode também ajudar a regular os sinais de fome e
saciedade. Idealmente, estes sinais deviam manter constante o nosso peso.
Deviam incitar-nos a comer quando a nossa gordura corporal cai abaixo de um
certo nível ou quando precisamos de mais gorduras (durante a gravidez, por exemplo)
e deviam dizer-nos quando nos sentimos satisfeitos.
As
relações entre o relógio do cérebro e o centro de controlo do apetite no
hipotálamo sugerem que a fome e a saciedade são afectadas por índices
temporais.
Padrões
irregulares de alimentação podem perturbar a eficácia destes índices de forma a
promover a obesidade. Os factores ambientais que estimulam o excesso de
alimentação podem “conspirar” com os factores genéticos para aumentar o ganho
de peso. Pessoas com uma predisposição genética para o excesso de peso
enfrentam agora uma oportunidade cada vez maior de desenvolver obesidade.
- Factores psicológicos
Para
quem se enche de bolos ou batatas fritas quando se sente ansioso ou triste, não
é de surpreender que a dieta e o apetite estejam intimamente ligados ao
bem-estar psicológico.
É
comum se ouvir, que certas pessoas comem mais quando estão afectadas pela
depressão ou por outras perturbações emocionais. Como o excesso de peso e a
obesidade provocam com frequência estas perturbações psicológicas, cria-se um
ciclo vicioso.
Os
factores emocionais raramente são o único motivo para uma pessoa ter excesso de
peso. Contudo, para quem tem uma predisposição genética para o obesidade e está
exposto a factores ambientais que promovem a obesidade, os factores emocionais
e psicológicos podem agravar a situação. Se repetidamente tentar perder peso e
não o conseguir, ou se logra perder peso para logo depois o recuperar, a luta
pode provocar frustração. Esta frustração agrava a ansiedade e a depressão.
Para
agravar esta problemática da obesidade está o preconceito que as pessoas gordas
enfrentam. Estudos mostram que as probabilidades de emprego são menores para os
gordos do que para os magros e que, uma vez contratados, os gordos têm mais
probabilidades de serem discriminados. Socialmente, os gordos são também
evitados e muitos até têm dificuldade em criar amizades.
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