FESTEJAR SEM
EXCESSOS
Por Dietista Rose
Sousa
Excesso
não rima com Natal nem com Ano Novo, mas anda de mãos dadas com estas duas
festas. São excessos alimentares – entre quentes e frios, enchidos e frutos
secos, doces e mais doces, é grande o convite à gula e não há bom senso que
resista. E pelo meio bebe-se - tinto, branco, cerveja, aguardente, champanhe: o
copo quer-se sempre cheio para os brindes. É mesmo uma época de excessos. Até
pelo consumismo, de que as crianças são as mais recentes vítimas, transformadas
em pequenos ditadores que tudo querem e com nada ficam satisfeitos. Não será
possível festejar sem excessos? Talvez sim!
As
festas de fim-de-ano em que a troca são um convite descarado à gula. Desde cedo
começa o desfilar de iguarias, num lanchinho improvisado no emprego, nos
almoços e jantares entre amigos, em que se trocam as tradicionais lembranças ao
mesmo tempo que se violam as regras da
mais elementar higiene alimentar. E depois nos repastos em família, que
culminam numa consoada em volta de uma mesa repleta de doces pecados. Seja o
lar modesto ou mais abastado, a verdade é que a refeição com que os cristãos
assinalam o nascimento de Cristo é rica em alimentos condimentados, em fritos,
assados, gorduras e doces, numa mistura que se pode revelar explosiva.
Porque
- convenhamos – é difícil resistir aos frutos secos, às rabanadas e filhós, ao bacalhau e ao peru, aos pudins e
ao bolo-rei, bolo-rainha e etc. E o álcool – o aperitivo com que entretemos a
sede, o vinho branco, ou tinto com que acompanhamos os pratos principais, o
champanhe com que encerramos as festas. Sem dar conta, entre dois dedos de
conversa, um gole e duas garfadas, esquecemos os limites. E muito menos nos
lembramos do dia seguinte, apesar de ser uma mera repetição de anos anteriores:
a cabeça vai doer, o estômago arderá até a exaustão, as náuseas subir-nos-ão à
boca e só então lamentaremos ter bebido e comido demais.
Não
será o chazinho verde ou preto tomado a seguir aos excessos, que irá “resolver”
o desconforto causado pela demasia. Os chás funcionam para muitos como sendo um
placebo e nada mais. Na verdade o “alívio”atribuído pela ingestão de chá é
meramente um alívio psicológico como parte de um escape de consciência pesada
por se ter comido até “arrebentar”.
O
que é preciso é evitar a acumulação de pratos copiosos e ricos em gorduras.
Pense que se encher com patês, assados, molhos e queijos já não terá estômago
para as sobremesas, por mais que os seus olhos se sintam atraídos pelo
magnífico aspecto daquele pudim de ovos ou daquela tarte de framboesas. O
melhor é, pois, alternar pratos ligeiros com pratos mais pesados, comendo
sempre em pequenas quantidades. E aqui não há grande perigo mesmo se estiver de
dieta: é que o quilo ganho nas festas facilmente se perde nos 15 dias seguintes.
O verdadeiro perigo vem da acumulação de refeições festivas, pelo que o melhor
será resistir a certos convites. De festa em festa, não há regime que resista e
depois a balança é que paga…
De
evitar são igualmente as misturas de bebidas: whisky, champanhe, vinho branco,
vinho tinto, aperitivos, digestivos…Mantenha-se fiel a duas bebidas ao longo de
toda a refeição. E enquanto estiver à mesa alterne água com vinho. Cuidando
também com os digestivos: só um até ajuda a atenuar aquela sensação de enfartamento,
mas se abusar, embora contribua para esvaziar o estômago, está a contribuir para
o excesso de álcool da noite. A digestão será mais lenta e difícil e o acordar
também!
Porque
os excessos pagam-se na manhã seguinte. As náuseas aí estão para lembrar o
último banquete.
Comida? Só de pensar já fica enjoado!
Se assim for, não hesite em saltar uma ou até
duas refeições como: o café da manhã e até o almoço se for preciso. Até se
sentir com disposição para se sentar de novo à mesa vá bebendo: água, chá, tisanas,
caldo de legumes… A escolha é sua, mas beba, beba muito! As bebidas ajudá-lo-ão a hidratar e a
eliminar as toxinas acumuladas na noite anterior e fá-lo-ão sentir-se mais
leve!
UMA
PITADA DE BOM SENSO
Quem
está na cozinha pode contribuir para que as tentações de quem se senta à mesa
sejam menos penalizadoras, pelo menos para a linha. É sempre possível adaptar
as receitas, de modo a diminuir a ingestão de açúcares e gorduras, mas sem que
percam aquele sabor que as torna tão especiais nesta época do ano.
Vejamos
alguns exemplos: na confecção de um bolo ou outro doce inclua menos açúcar do
que o previsto na receita e vai ver que em nada afectará a sua consistência e
muito menos o sabor. Ninguém terá amargos de boca, acredite!
Se
assar uma peça de carne, corte também na gordura que lhe adiciona e deixe-a
cozinhar com os seus sucos naturais, juntando uma pitadinha de ervas para
condimentar. Aproveite e reduza o sal, as ervas aromáticas têm o mesmo efeito.
Se
assar ou estufar uma ave, tire-lhe a pele, pois esta é uma fonte de gordura sem
rival. O frango, o pato ou o peru sairão tostadinhos como sempre e muito mais
saudáveis.
E
nada de batatas fritas, Asse-as também. São mais saborosas e saciam mais
depressa, pelo que evitamos repetir a dose. E já agora não se esqueça da
salada. Variada, colorida e com sementes
diversas – porque os olhos também comem. E temperada com limão. Vai ver que o
seu estômago agradece. Ah – e resista à tentação de ir provando cada uma das
suas iguarias. Tem tempo suficiente para cometer alguns excessos. Sirva você o seu próprio prato e sobremesa.
Por que os outros quando nos servem, tendem a exagerar nas quantidades e nos
tamanhos das porções.
Inicie
sua refeição com um belo prato de salada e seleccione muito bem os restantes
alimentos. Não deixe acontecer “De
manjar em manjar, até rebentar” .
O
desafio é grande: resistir à tentação. E o primeiro truque é adoptar um ar de
quem está a comer tudo, mas fazê-lo em pequenas quantidades, com associações
saudáveis dos vários pratos.
Porque
nisto de alimentação, também é possível abusar com moderação…
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