quinta-feira, 26 de abril de 2012


FESTEJAR SEM EXCESSOS
Por Dietista Rose Sousa

Excesso não rima com Natal nem com Ano Novo, mas anda de mãos dadas com estas duas festas. São excessos alimentares – entre quentes e frios, enchidos e frutos secos, doces e mais doces, é grande o convite à gula e não há bom senso que resista. E pelo meio bebe-se - tinto, branco, cerveja, aguardente, champanhe: o copo quer-se sempre cheio para os brindes. É mesmo uma época de excessos. Até pelo consumismo, de que as crianças são as mais recentes vítimas, transformadas em pequenos ditadores que tudo querem e com nada ficam satisfeitos. Não será possível festejar sem excessos? Talvez sim!

As festas de fim-de-ano em que a troca são um convite descarado à gula. Desde cedo começa o desfilar de iguarias, num lanchinho improvisado no emprego, nos almoços e jantares entre amigos, em que se trocam as tradicionais lembranças ao mesmo tempo  que se violam as regras da mais elementar higiene alimentar. E depois nos repastos em família, que culminam numa consoada em volta de uma mesa repleta de doces pecados. Seja o lar modesto ou mais abastado, a verdade é que a refeição com que os cristãos assinalam o nascimento de Cristo é rica em alimentos condimentados, em fritos, assados, gorduras e doces, numa mistura que se pode revelar explosiva.
Porque - convenhamos – é difícil resistir aos frutos secos, às rabanadas  e filhós, ao bacalhau e ao peru, aos pudins e ao bolo-rei, bolo-rainha e etc. E o álcool – o aperitivo com que entretemos a sede, o vinho branco, ou tinto com que acompanhamos os pratos principais, o champanhe com que encerramos as festas. Sem dar conta, entre dois dedos de conversa, um gole e duas garfadas, esquecemos os limites. E muito menos nos lembramos do dia seguinte, apesar de ser uma mera repetição de anos anteriores: a cabeça vai doer, o estômago arderá até a exaustão, as náuseas subir-nos-ão à boca e só então lamentaremos ter bebido e comido demais.
Não será o chazinho verde ou preto tomado a seguir aos excessos, que irá “resolver” o desconforto causado pela demasia. Os chás funcionam para muitos como sendo um placebo e nada mais. Na verdade o “alívio”atribuído pela ingestão de chá é meramente um alívio psicológico como parte de um escape de consciência pesada por se ter comido até “arrebentar”.
O que é preciso é evitar a acumulação de pratos copiosos e ricos em gorduras. Pense que se encher com patês, assados, molhos e queijos já não terá estômago para as sobremesas, por mais que os seus olhos se sintam atraídos pelo magnífico aspecto daquele pudim de ovos ou daquela tarte de framboesas. O melhor é, pois, alternar pratos ligeiros com pratos mais pesados, comendo sempre em pequenas quantidades. E aqui não há grande perigo mesmo se estiver de dieta: é que o quilo ganho nas festas facilmente se perde nos 15 dias seguintes. O verdadeiro perigo vem da acumulação de refeições festivas, pelo que o melhor será resistir a certos convites. De festa em festa, não há regime que resista e depois a balança é que paga…
De evitar são igualmente as misturas de bebidas: whisky, champanhe, vinho branco, vinho tinto, aperitivos, digestivos…Mantenha-se fiel a duas bebidas ao longo de toda a refeição. E enquanto estiver à mesa alterne água com vinho. Cuidando também com os digestivos: só um até ajuda a atenuar aquela sensação de enfartamento, mas se abusar, embora contribua para esvaziar o estômago, está a contribuir para o excesso de álcool da noite. A digestão será mais lenta e difícil e o acordar também!
Porque os excessos pagam-se na manhã seguinte. As náuseas aí estão para lembrar o último banquete.
 Comida? Só de pensar já fica enjoado!
 Se assim for, não hesite em saltar uma ou até duas refeições como: o café da manhã e até o almoço se for preciso. Até se sentir com disposição para se sentar de novo à mesa vá bebendo: água, chá, tisanas, caldo de legumes… A escolha é sua, mas beba, beba muito!   As bebidas ajudá-lo-ão a hidratar e a eliminar as toxinas acumuladas na noite anterior e fá-lo-ão sentir-se mais leve!

UMA PITADA DE BOM SENSO
Quem está na cozinha pode contribuir para que as tentações de quem se senta à mesa sejam menos penalizadoras, pelo menos para a linha. É sempre possível adaptar as receitas, de modo a diminuir a ingestão de açúcares e gorduras, mas sem que percam aquele sabor que as torna tão especiais nesta época do ano.
Vejamos alguns exemplos: na confecção de um bolo ou outro doce inclua menos açúcar do que o previsto na receita e vai ver que em nada afectará a sua consistência e muito menos o sabor. Ninguém terá amargos de boca, acredite!
Se assar uma peça de carne, corte também na gordura que lhe adiciona e deixe-a cozinhar com os seus sucos naturais, juntando uma pitadinha de ervas para condimentar. Aproveite e reduza o sal, as ervas aromáticas têm o mesmo efeito.
Se assar ou estufar uma ave, tire-lhe a pele, pois esta é uma fonte de gordura sem rival. O frango, o pato ou o peru sairão tostadinhos como sempre e muito mais saudáveis.
E nada de batatas fritas, Asse-as também. São mais saborosas e saciam mais depressa, pelo que evitamos repetir a dose. E já agora não se esqueça da salada. Variada, colorida  e com sementes diversas – porque os olhos também comem. E temperada com limão. Vai ver que o seu estômago agradece. Ah – e resista à tentação de ir provando cada uma das suas iguarias. Tem tempo suficiente para cometer alguns excessos.  Sirva você o seu próprio prato e sobremesa. Por que os outros quando nos servem, tendem a exagerar nas quantidades e nos tamanhos das porções.
Inicie sua refeição com um belo prato de salada e seleccione muito bem os restantes alimentos.  Não deixe acontecer “De manjar em manjar, até rebentar” .
O desafio é grande: resistir à tentação. E o primeiro truque é adoptar um ar de quem está a comer tudo, mas fazê-lo em pequenas quantidades, com associações saudáveis dos vários pratos.
Porque nisto de alimentação, também é possível abusar com moderação… 

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