Perímetro Abdominal e Aconselhamento Dietético
Por Dietista Rose
Sousa
Uma
alimentação desequilibrada e pouco ou nenhum exercício físico fazem com que a
gordura se acumule. Nos homens, é na barriga que ela se concentra, aumentando o
risco de uma doença cardiovascular ou metabólica.
Estudos
indicam que a forma pela qual a gordura está distribuída pelo corpo é mais
importante que a gordura corporal total na determinação do risco individual de
doenças. Por essa razão, em indivíduos obesos ou com tendência à obesidade é
fundamental lançar mão de indicadores que determinem esse tipo de distribuição.
Denomina-se distribuição de gordura corporal do tipo andróide (obesidade
superior) em formato de pêra e quando o tecido adiposo está concentrado na
região abdominal - tipo ginóide (obesidade inferior) se concentrando mais na
região dos glúteos, quadris e coxas - em formato de maçã. É de importância
clínica identificar a distribuição de gordura, visto que a obesidade andróide
(tipo pêra) está associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e
metabólicas.
Quem
não se lembra de uns anos atrás de uma campanha na tevê e por outros canais de
comunicação com que a Fundação Portuguesa de Cardiologia alertou os portugueses
para os riscos associados à gordura abdominal onde passaram corpos masculinos
de barriga proeminente, acompanhados por um apelo – “Tenha mais olhos para a
sua barriga!”
Este
alerta nos meios de comunicação já foi há alguns anos, mas a mensagem continua
a fazer todo o sentido – afinal a gordura acumulada nos corpos, nomeadamente a
abdominal, é um importante factor de risco de patologias cardiovasculares,
nomeadamente hipertensão arterial, doença coronária e acidente vascular
cerebral, mas também de doenças metabólicas como a diabetes.
O
excesso de gordura constitui, por si só, uma ameaça para a saúde. Mas não é
indiferente onde ela se localiza: do ponto de vista científico e médico,
sabe-se que existe um risco acrescido na acumulação de gordura na zona
abdominal, por comparação com a sua concentração nas ancas (quadril) e coxas. É
que a composição do tecido adiposo é diferente, a gordura abdominal exerce
pressão sobre alguns órgãos e, alem disso, liberta substâncias tóxicas que
agridem o coração e as artérias.
Ora,
é no abdómen dos homens que a gordura predomina, enquanto no sexo feminino
tende a acumular-se nos quadris e nas coxas.
Significa
isto que, neste aspecto particular, a saúde dos homens corre mais perigo do que
a das mulheres.
O
corpo humano, independentemente de ser feminino ou masculino, foi concebido
para armazenar gordura para uso posterior em caso de necessidade – privação de
alimentos, por exemplo, mas também esforço físico intenso. Ora, quando se
ingerem calorias que não se gastam, a gordura acaba por acumular-se. E a
obesidade visceral está associada a diabetes tipo 2, dislipidémia, hipertensão
arterial, disfunção endotelial, doença coronária, doença vascular cerebral e
morte, sendo que a associação a estas doenças está dependente da gordura
intra-abdominal e não da gordura total do corpo. Assim, além das doenças
cardiovasculares e metabólicas, pode abrir-se caminho a alguns tipos de cancro,
a um desequilíbrio entre os lípidos (excesso de triglicéridos e colesterol), e
a resistência à insulina..
É
este o risco acrescido que correm os homens com barriga proeminente. E quanto
maior o “pneu” que se escapa da cintura das calças, maior o risco. É a medição
do perímetro abdominal masculino que permite essa avaliação, considerando-se um
valor de 94 cm como indicador de risco aumentado de doenças metabólicas e acima
de 102 cm como muito aumentado.
Já
nas mulheres considera-se como risco elevado de complicações metabólicas
associadas à obesidade acima de 80 cm e risco muito elevado acima de 88 cm.
A receita anti-gordura
A
receita para perder peso – e com ela a gordura abdominal – inclui dois
ingredientes essenciais: o exercício físico, que deve ser praticado com
regularidade, e a alimentação, mas equilibrada. Trata-se, portanto, de
introduzir (e manter) alterações de no estilo de vida, combatendo aquelas que
são duas das principais (e piores) tentações da actualidade: o sedentarismo e
uma dieta sobrecarregada de calorias.
Gastar
mais calorias do que aquelas que se ingerem deve ser o objectivo: o que implica
comer melhor e mexer-se mais. Parece simples, mas pode ser difícil quando os
hábitos estão enraizados. Mas, em nome da saúde e da melhora de qualidade de
vida, vale fazer o esforço.
Primeiro,
introduzindo alterações na dieta. Começando por conhecer melhor os alimentos.
Conhecê-los do ponto de vista da sua composição, na medida em que, com
frequência, se ignora a quantidade de calorias que se consomem a cada refeição.
Há então que reduzir a proporção e frequência das principais fontes de
calorias. Pense em vegetais, leguminosas, cereais integrais, peixe, carnes
magras e fruta. Não pense em gorduras saturadas, açúcares, bolos,
refrigerantes, cervejas.
Lembre-se
que não é comendo poucas vezes que se consegue emagrecer. É útil repartir as
refeições ao longo do dia, fazendo lanches mais pequenos e mais regulares.
O
segundo passo implica investir na prática de exercício físico, de modo a
queimar mais calorias e, assim, evitar que elas se acumulem sob forma de
gordura. E para perder a barriga o exercício aeróbico é o mais indicado:
caminhar, andar de bicicleta ou nadar são boas alternativas.
Entre
o exercício e as alterações à dieta, este é um compromisso que tem de se manter
mesmo depois de se perder os quilos e a gordura em excesso. Sob pena de eles
voltarem.
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