quarta-feira, 2 de maio de 2012


Perímetro Abdominal e Aconselhamento Dietético
Por Dietista Rose Sousa

Uma alimentação desequilibrada e pouco ou nenhum exercício físico fazem com que a gordura se acumule. Nos homens, é na barriga que ela se concentra, aumentando o risco de uma doença cardiovascular ou metabólica.
Estudos indicam que a forma pela qual a gordura está distribuída pelo corpo é mais importante que a gordura corporal total na determinação do risco individual de doenças. Por essa razão, em indivíduos obesos ou com tendência à obesidade é fundamental lançar mão de indicadores que determinem esse tipo de distribuição. Denomina-se distribuição de gordura corporal do tipo andróide (obesidade superior) em formato de pêra e quando o tecido adiposo está concentrado na região abdominal - tipo ginóide (obesidade inferior) se concentrando mais na região dos glúteos, quadris e coxas - em formato de maçã. É de importância clínica identificar a distribuição de gordura, visto que a obesidade andróide (tipo pêra) está associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Quem não se lembra de uns anos atrás de uma campanha na tevê e por outros canais de comunicação com que a Fundação Portuguesa de Cardiologia alertou os portugueses para os riscos associados à gordura abdominal onde passaram corpos masculinos de barriga proeminente, acompanhados por um apelo – “Tenha mais olhos para a sua barriga!” 
Este alerta nos meios de comunicação já foi há alguns anos, mas a mensagem continua a fazer todo o sentido – afinal a gordura acumulada nos corpos, nomeadamente a abdominal, é um importante factor de risco de patologias cardiovasculares, nomeadamente hipertensão arterial, doença coronária e acidente vascular cerebral, mas também de doenças metabólicas como a diabetes.
O excesso de gordura constitui, por si só, uma ameaça para a saúde. Mas não é indiferente onde ela se localiza: do ponto de vista científico e médico, sabe-se que existe um risco acrescido na acumulação de gordura na zona abdominal, por comparação com a sua concentração nas ancas (quadril) e coxas. É que a composição do tecido adiposo é diferente, a gordura abdominal exerce pressão sobre alguns órgãos e, alem disso, liberta substâncias tóxicas que agridem o coração e as artérias.
Ora, é no abdómen dos homens que a gordura predomina, enquanto no sexo feminino tende a acumular-se nos quadris e nas coxas.
Significa isto que, neste aspecto particular, a saúde dos homens corre mais perigo do que a das mulheres.
O corpo humano, independentemente de ser feminino ou masculino, foi concebido para armazenar gordura para uso posterior em caso de necessidade – privação de alimentos, por exemplo, mas também esforço físico intenso. Ora, quando se ingerem calorias que não se gastam, a gordura acaba por acumular-se. E a obesidade visceral está associada a diabetes tipo 2, dislipidémia, hipertensão arterial, disfunção endotelial, doença coronária, doença vascular cerebral e morte, sendo que a associação a estas doenças está dependente da gordura intra-abdominal e não da gordura total do corpo. Assim, além das doenças cardiovasculares e metabólicas, pode abrir-se caminho a alguns tipos de cancro, a um desequilíbrio entre os lípidos (excesso de triglicéridos e colesterol), e a resistência à insulina..
É este o risco acrescido que correm os homens com barriga proeminente. E quanto maior o “pneu” que se escapa da cintura das calças, maior o risco. É a medição do perímetro abdominal masculino que permite essa avaliação, considerando-se um valor de 94 cm como indicador de risco aumentado de doenças metabólicas e acima de 102 cm como muito aumentado.
Já nas mulheres considera-se como risco elevado de complicações metabólicas associadas à obesidade acima de 80 cm e risco muito elevado acima de 88 cm.

A receita anti-gordura
A receita para perder peso – e com ela a gordura abdominal – inclui dois ingredientes essenciais: o exercício físico, que deve ser praticado com regularidade, e a alimentação, mas equilibrada. Trata-se, portanto, de introduzir (e manter) alterações de no estilo de vida, combatendo aquelas que são duas das principais (e piores) tentações da actualidade: o sedentarismo e uma dieta sobrecarregada de calorias.
Gastar mais calorias do que aquelas que se ingerem deve ser o objectivo: o que implica comer melhor e mexer-se mais. Parece simples, mas pode ser difícil quando os hábitos estão enraizados. Mas, em nome da saúde e da melhora de qualidade de vida, vale fazer o esforço.
Primeiro, introduzindo alterações na dieta. Começando por conhecer melhor os alimentos. Conhecê-los do ponto de vista da sua composição, na medida em que, com frequência, se ignora a quantidade de calorias que se consomem a cada refeição. Há então que reduzir a proporção e frequência das principais fontes de calorias. Pense em vegetais, leguminosas, cereais integrais, peixe, carnes magras e fruta. Não pense em gorduras saturadas, açúcares, bolos, refrigerantes, cervejas.
Lembre-se que não é comendo poucas vezes que se consegue emagrecer. É útil repartir as refeições ao longo do dia, fazendo lanches mais pequenos e mais regulares.
O segundo passo implica investir na prática de exercício físico, de modo a queimar mais calorias e, assim, evitar que elas se acumulem sob forma de gordura. E para perder a barriga o exercício aeróbico é o mais indicado: caminhar, andar de bicicleta ou nadar são boas alternativas.
Entre o exercício e as alterações à dieta, este é um compromisso que tem de se manter mesmo depois de se perder os quilos e a gordura em excesso. Sob pena de eles voltarem. 

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